segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Foco no heroísmo alheio - 20/10/2015


No intuito de fazer algo na vida além de trabalhar, Bruno e eu estamos tentando, juntos, inserir o hábito de correr. Não apenas por uma questão de saúde, mas de qualidade de tempo juntos, de hobby em comum, de gerar afinidade para nossa relação.

Por natureza sou a preguiça em pessoa. Aquela vontade louca de fazer exercício? Nunca tive. Endorfina depois do exercício? Nunca senti. Até o momento, todas as corridas, foram praticamente uma experiência de quase morte. Sempre acho que vou morrer, mas como diz meu marido, nunca morro.

Semana passada cheguei no trabalho ainda agitada da corrida. Haviam duas colegas perto. Uma delas, que está tentando emagrecer, contou que na noite anterior começou a pular corda, ai comentei que fui correr de manhã. Nesse exato momento, a terceira colega que participava da conversa, brilhou o olho como se estivesse diante de duas heroínas. E começou com falas como: 
“nossa, como eu queria ser que nem vocês!”, “que máximo que você corre, nossa, eu queria tanto ter esse pique. Meu marido queria que eu emagrecesse...” Nesse momento que vi nascer o conceito de uma musa fitness na mente dela, fiquei chocada exatamente por ter consciência de quem eu realmente sou. Mais impressionada ainda fiquei em notar como a gente se esforça para ser infeliz. E o pior: sem perceber. Como a gente admira o heroísmo alheio e minimiza nosso esforço. Como as redes sociais estão influenciando nossas vidas com padrões inatingíveis e irreais. Somos o que nos alimentamos, isso vale para tudo. Somos reflexo do que ouvimos, assistimos, lemos, curtimos, seguimos, pinamos.
Tratei de chamar minha amiga para a realidade. Contei que acordar foi uma luta. Que discuti com 

meu marido antes de sair por conta minha procrastinação. Que não consegui completar nem 15 minutos de corrida porque simplesmente desisti, perdi o foco e me entreguei a recorrente sensação de que iria morrer. Ela ficou me olhando com cara não entender, respondeu “pelo menos você vai”. Tentei enumerar as muitas coisas que ela fazia e eu não, tipo passear com o cachorro 2 vezes no dia. 

Admirar o outro e alimentar apenas com o lado positivo é um caminho. Permanecer nesse caminho é uma escolha rumo ao auto flagelo. Esse caminho não sigo mais.

Dani&Bruno


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