No intuito de
fazer algo na vida além de trabalhar, Bruno e eu estamos tentando, juntos,
inserir o hábito de correr. Não apenas por uma questão de saúde, mas de
qualidade de tempo juntos, de hobby em comum, de gerar afinidade para
nossa relação.
Por natureza sou
a preguiça em pessoa.
Aquela vontade louca de fazer exercício? Nunca
tive. Endorfina depois do exercício? Nunca senti. Até o momento, todas as
corridas, foram praticamente uma experiência de quase morte. Sempre acho
que vou morrer, mas como diz meu marido, nunca morro.
Semana passada
cheguei no trabalho ainda agitada da corrida. Haviam duas colegas perto.
Uma delas, que está tentando emagrecer, contou que na noite anterior
começou a pular corda, ai comentei que fui correr de manhã. Nesse exato
momento, a terceira colega que participava da conversa, brilhou o olho
como se estivesse diante de duas heroínas. E começou com falas como:
“nossa, como eu queria ser que nem vocês!”, “que máximo que você
corre, nossa, eu queria tanto ter esse pique. Meu marido queria que eu emagrecesse...”
Nesse momento que vi nascer o conceito de uma musa fitness na mente dela,
fiquei chocada exatamente por ter consciência de quem eu realmente sou. Mais
impressionada ainda fiquei em notar como a gente se esforça para ser infeliz. E
o pior: sem perceber. Como a gente admira o heroísmo alheio e minimiza
nosso esforço. Como as redes sociais estão influenciando nossas vidas com
padrões inatingíveis e irreais. Somos o que nos alimentamos, isso vale
para tudo. Somos reflexo do que ouvimos, assistimos, lemos, curtimos, seguimos,
pinamos.
Tratei de chamar
minha amiga para a realidade. Contei que acordar foi uma luta. Que discuti
com
meu marido antes
de sair por conta minha procrastinação. Que não consegui completar nem 15 minutos
de corrida porque simplesmente desisti, perdi o foco e me entreguei a
recorrente sensação de que iria morrer. Ela ficou me olhando com cara não
entender, respondeu “pelo menos você vai”. Tentei enumerar as muitas
coisas que ela fazia e eu não, tipo passear com o cachorro 2 vezes no
dia.
Admirar o outro
e alimentar apenas com o lado positivo é um caminho. Permanecer nesse
caminho é uma escolha rumo ao auto flagelo. Esse caminho não sigo mais.
Dani&Bruno
Dani&Bruno