segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A velhice e o amor teórico - 13/07/2015

Se tem algo que aprendi nos últimos 10 anos é que entre a fala e a atitude existe uma distância muito grande. Palavras sem atitudes são vãs, é a frase mais exata.


Tenho observado muito o que apelidei carinhosamente de “amor teórico”. São amigos que se amam profundamente, mas não se encontram há anos. Os parentes que são loucos pela família, desde que não necessite o menor esforço para estar junto. Ou casais que tem genuíno amor um pelo outro, desde que não precisem abrir mão de nada, fazer nada, ceder em nada, que cada um tenha sua conta bancária, seu tempo e ninguém se meta da vida do outro, afinal cada um precisa do seu espaço, mas no Facebook todo mundo ama e ama muito.


Virtualmente ou na conversa de bar todo mundo vocifera que ama o pai, que ama a mãe. Convenhamos que não é socialmente aceitável alguém dizer que não ama a mãe, mesmo que não haja menor identificação, afinidade ou coisa que o valha, todo mundo ama a mãe.


Aí os pais ficam doentes. E o amor... esse que entende tudo, que tudo suporta. Ele entende que se ama, mas não paga-se o plano de saúde. Ama mas não leva ao médico, não compra remédio, não torna a vida mais leve. Ama mas não entende que a situação inverteu, hoje o filho cuida da mãe. Aqueles 2, 3 filhos que foram cuidados ao mesmo tempo por uma única mãe não podem cuidar de uma única pessoa. Querem apenas ser servidos. Querem continuar como crianças que dependem, que são inconscientemente egoístas.


É muito triste ver uma pessoa que está clamando por cuidado, não ter sossego. Filhos, netos, noras não conseguem manter a própria vida dentro do espaço que lhes é designado. É desesperador ver que a pessoa sente o afago da morte e não tem uma mão para segurar e compartilhar o medo. Que o fim está chegando em passos mais rápidos e as pernas, essas andam cada vez mais cansadas e devagar, mas ninguém se importa.


Simplesmente ninguém se importa. Pelo menos não a ponto de fazer alguma coisa.


Esses amam, mas amam só no Facebook. 



Dani & Bruno 

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